O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), deixou de lado qualquer ambiguidade nesta sexta-feira (4) e cravou: está no páreo para disputar o Governo da Paraíba em 2026. Durante entrevista ao programa Arapuan Verdade, o gestor afirmou que não aceitará ser rifado da cabeça da chapa governista sem justificativa. “Portanto, eu quero um argumento para eu não ser o candidato”, afirmou, em tom de cobrança.
A fala de Cícero ocorre um dia após o presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, também lançar-se publicamente na disputa, mirando o Palácio da Redenção com o apoio do presidente Lula como escudo político. Galdino foi direto ao ponto: disse que fará o “dever de casa” para garantir competitividade e mandou um recado cifrado ao presidente estadual do Republicanos, Hugo Motta, que tenta emplacar o nome do vice-governador Lucas Ribeiro. “Se eu fizer o dever de casa, não tem como o Republicanos me negar a candidatura”, disparou.
As declarações escancaram o racha interno na base governista. De um lado, o governador João Azevêdo já deixou claro que pretende disputar uma vaga no Senado e deseja passar o bastão ao seu atual vice, Lucas Ribeiro (PP). Do outro, dois caciques com mandatos robustos e disposição para confronto: Galdino, com o estilo abrasivo que dispensa traduções, e Cícero, que agora exige “critérios” para definir quem será o escolhido.
“Esse bloco que hoje é a base do governo quer ter um candidato ou quer ter um sucessor? Essa é a pergunta que tem de ser feita. E se quer um sucessor, quem pode responder melhor é o eleitor”, argumentou Cícero, que insinuou desconforto com a ideia de que a decisão já esteja tomada nos bastidores.
O clima, até aqui tratado com certa cordialidade, começa a se tensionar. A base de João Azevêdo, antes aparentemente sólida, agora se vê diante de uma encruzilhada com três nomes fortes, egos inflados e pouca disposição para abrir mão. Chegar a um consenso será uma tarefa árdua — e o risco de ruptura já não é uma hipótese remota, mas um cenário real em construção.