O São João oficialmente pode até ter terminado, mas, a julgar pelo fim de semana do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), a festa segue firme — e a briga política nos bastidores, mais acesa do que nunca. Em entrevista concedida neste sábado (12), em Cajazeiras, à TV Diário do Sertão, Cícero cobrou publicamente uma definição da base do governador João Azevêdo (PSB) sobre os critérios para formação da chapa majoritária nas eleições de 2026.
“Quem disse que está tudo fechado, mentiu. Pelo menos comigo, não houve isso”, afirmou Cícero, jogando luz sobre o clima de indefinição e disputa velada entre os aliados do Palácio da Redenção. Ele revelou ter participado de duas reuniões sobre o tema, mas garantiu que nenhuma decisão foi tomada até agora. “É preciso responsabilidade com o processo e respeito ao tempo certo das decisões”, pontuou.
A cobrança soa quase como um ultimato. Embora João Azevêdo tenha dado sinais recentes de preferência pelo nome do vice-governador Lucas Ribeiro (PP), a demora na oficialização de qualquer caminho alimenta especulações sobre um possível desgaste interno. A oposição, por sua vez, já tenta explorar a indefinição como sintoma de crise na base, o que irritou o próprio governador. Em tom firme, João disse esta semana que “quem aposta em rompimento está muito enganado”.
Mas se há uma fogueira ardendo na base aliada, a lenha também está sendo jogada no Sertão. Desde quinta-feira (10), Cícero percorre a região acompanhado do deputado federal Mersinho Lucena e de sua comitiva, em clima de franca pré-campanha. Passou por Vista Serrana, Pombal, Várzea e São José do Sabugi, onde, na festa de São Pedro, chamou atenção ao aparecer lado a lado com o senador Efraim Filho (União Brasil), pré-candidato ao governo pela oposição.
Apesar de estarem em campos opostos — ao menos por enquanto —, os dois sorriram, cochicharam e posaram juntos para fotos que circularam com rapidez nos bastidores da política paraibana. “Coisa ruim não foi”, resumiu um observador da cena, ao ver o sorriso largo de Cícero após a conversa reservada com Efraim.
Enquanto a base governista empurra decisões com a barriga, Cícero segue pavimentando seu caminho. E para quem pensa que o São João já acabou porque julho chegou, basta dar uma olhada no périplo que ele fez pelo interior: a fogueira política segue acesa — e queimando forte.
