Cidade do Vaticano, 26 de abril de 2025 – A Praça São Pedro foi palco, neste sábado, de um dos momentos mais solenes da Igreja Católica: o funeral do Papa Francisco. Chefes de Estado de todo o mundo se reuniram no Vaticano para prestar as últimas homenagens, mas a cerimônia também foi marcada por episódios discretos de tensão diplomática. Durante a chegada das autoridades, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente norte-americano Donald Trump — convidados em função de suas ligações com o Vaticano — evitaram se cumprimentar, gerando comentários entre jornalistas e diplomatas presentes.
Embora tenham sido posicionados em áreas próximas da praça, Lula e Trump fingiram não se ver, trocando olhares apenas de relance. O desconforto foi notado, mas não rompeu a atmosfera de respeito em torno da despedida do líder religioso, cuja trajetória foi marcada por mensagens de reconciliação e diálogo entre os povos.
O rito fúnebre
A missa de Exéquias foi presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício, seguindo o rito tradicional estabelecido pelo Vaticano. O corpo do Papa, vestido com paramentos vermelhos — cor que simboliza o martírio e a entrega total a Cristo —, estava disposto sobre um simples caixão de madeira de cipreste.
Durante a celebração, foram realizados dois momentos-chave: a Última Commendatio, quando a Igreja entrega simbolicamente a alma do Papa a Deus, e a Valedictio, o adeus final. Após a missa, o caixão foi trasladado para as Grutas Vaticanas, sob o Altar da Confissão, para um sepultamento reservado aos cardeais e membros da Cúria Romana. Como manda a tradição, sobre o rosto do pontífice foi colocado um véu de seda branca, simbolizando o encerramento de sua missão terrena.
História e tradição
O funeral de um Papa é um evento repleto de simbolismos, que preserva tradições seculares. Desde o século XI, os papas são enterrados na Basílica de São Pedro ou em suas proximidades. A escolha de materiais simples para o caixão — madeira de cipreste ou olmo — remonta à ideia de humildade que deve marcar a passagem do líder máximo da Igreja.
O número de missas de sufrágio (as chamadas “Novendiali”) e os rituais do sepultamento foram formalizados ao longo dos séculos. A última reforma significativa nos protocolos aconteceu com a constituição apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por João Paulo II em 1996, que também define os procedimentos para o período de Sé Vacante.
O Camerlengo, cardeal encarregado da administração temporária da Igreja durante a vacância da Sé, agora assumirá o comando até que o novo Papa seja eleito em conclave, a ser realizado em até 15 dias.
A caminho do Conclave
Com a morte do Papa Francisco, o mundo católico volta seus olhos para o próximo grande evento: o Conclave. Realizado na Capela Sistina, o conclave reúne cardeais de todo o mundo que, trancados sob rigoroso sigilo, votam sucessivamente até que um candidato alcance dois terços dos votos.
A fumaça branca, sinal tradicional da eleição, só surgirá depois da aceitação formal pelo novo Papa. Enquanto isso, a Igreja vive um tempo de luto, mas também de esperança e renovação.