sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Briga na família Bolsonaro: uma faísca no Ceará reacende o “fogo no parquinho”
01/12/2025 17:31
Redação ON Reprodução

Passada apenas uma semana da reunião em que a família Bolsonaro pregou união e silêncio público, a direita voltou a pegar fogo. Uma discordância sobre alianças no Ceará abriu nova frente de desgaste dentro do Partido Liberal e expôs, mais uma vez, a fissura entre Michelle Bolsonaro e os três filhos políticos de Jair Bolsonaro. A prisão definitiva do ex-presidente funciona como um acelerador desses conflitos e aumenta a disputa por quem controla a narrativa, o legado e o futuro eleitoral da direita em 2026.

Prisão muda correlação de forças

Condenado por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro começou a cumprir pena de 27 anos e três meses na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, com visitas controladas. A limitação do contato com o mundo externo criou um vácuo de poder — e a briga agora é por quem assume a voz e a autoridade política que o ex-presidente sempre exerceu pessoalmente.

Michelle ataca e vira o centro da crise

O estopim da nova confusão ocorreu em Fortaleza, no lançamento da pré-candidatura do senador Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará. No palanque, Michelle Bolsonaro criticou o deputado André Fernandes (PL-CE) por defender aliança com Ciro Gomes.

“Eu adoro o André, mas fazer aliança com o homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá”, disse a ex-primeira-dama, gerando constrangimento imediato.

Fernandes respondeu logo depois, afirmando que apenas seguira uma orientação que teria partido do próprio Bolsonaro. Disse ainda que o ex-presidente mandara ligar para Ciro no viva-voz para discutir uma composição no Estado.

Filhos de Bolsonaro peitam Michelle

A declaração bastou para incendiar o ambiente. Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro saíram em defesa de André Fernandes e rebateram Michelle publicamente.

Carlos publicou que a crítica “atropelava” o pai e reforçou que era preciso “respeitar a liderança de Bolsonaro”. Eduardo classificou a fala de Michelle como “injusta e desrespeitosa”.

A ala mais próxima de Michelle retrucou lembrando que o PDT de Ciro foi o responsável pela ação que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos no TSE — um histórico que, segundo esse grupo, torna qualquer aliança “indefensável”.

PL tenta apagar o incêndio, mas admite clima de tensão

Diante da briga aberta, o PL marcou nova reunião, em Brasília, para tentar conter o estrago. O encontro terá Valdemar Costa Neto, Rogério Marinho, Michelle e Flávio.

“Amanhã o bicho vai pegar”, disse um integrante da sigla, admitindo que a situação saiu do controle.

A crise reforça um problema que o partido tentou neutralizar recentemente: como garantir unidade interna se a figura central, Bolsonaro, está isolada e incomunicável? A prisão definitiva intensificou o confronto por espaço, visibilidade e autoridade.

Flávio vira porta-voz oficial — e isso gera mais briga

Com Eduardo vivendo nos Estados Unidos e Carlos concentrado no Rio, Flávio Bolsonaro foi ungido pelo PL como porta-voz do pai. Tem mandato, visibilidade e, sobretudo, acesso autorizado à PF.

A decisão irrita Eduardo, que defende que todos os membros da família devem falar em nome do ex-presidente. Ele próprio reconheceu que, enquanto durar a prisão, haverá “confusão permanente sobre quem fala por Bolsonaro”.

Conclusão: um campo em conflito e um líder isolado

O episódio no Ceará é só o sintoma mais visível de uma disputa maior: quem controla o movimento bolsonarista enquanto Bolsonaro está preso?

As tensões internas mostram que a direita enfrenta seu momento mais turbulento desde 2018 — e que a vida política da família Bolsonaro entra agora numa fase de instabilidade, rivalidades e incerteza sobre quem realmente manda.

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