Pesquisa nacional do Ipespe mostra que 72% dos brasileiros são contra a PEC das Prerrogativas, que limita a atuação da Justiça contra parlamentares. O levantamento também revela que 46% rejeitam qualquer tipo de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, enquanto apenas 28% defendem anistia ampla que beneficiaria Jair Bolsonaro.
O estudo, realizado entre 19 e 22 de setembro com 2.500 entrevistados em todo o país, indica um amplo descontentamento da sociedade com a tentativa do Congresso de restringir investigações sobre deputados e senadores. Apenas 22% se dizem favoráveis à chamada PEC da Blindagem, enquanto 72% se posicionam contra e 6% não souberam responder .
A rejeição à proposta atravessa diferentes espectros ideológicos. Entre os eleitores de esquerda, 93% são contra, número que chega a 81% no centro e a 51% na direita. Mesmo no grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro, 52% se manifestam contrários, ao lado de 87% dos que votaram em Lula no segundo turno de 2022 .
O levantamento também captou as percepções sobre o debate da anistia a condenados pelos ataques de 8 de janeiro. A maior parte da população (46%) não aceita qualquer forma de anistia. Outros 28% apoiam uma anistia geral, que beneficiaria Bolsonaro e seus aliados, enquanto 18% defendem uma anistia parcial, com redução de pena apenas para quem teve envolvimento considerado menor. O restante (8%) não soube ou não quis responder .
Na análise por intenção de voto passada, 74% dos eleitores de Lula rejeitam a anistia, contra 63% dos bolsonaristas que preferem a anistia total. Já no recorte por classe social, a rejeição é majoritária tanto entre pobres (43%) quanto entre a classe média (49%) .
Segundo o cientista político Antonio Lavareda, a pesquisa expõe um rechaço incomum da opinião pública a iniciativas legislativas, evidenciando um descompasso entre a Câmara Federal e o sentimento da sociedade 
Aprovação a Trump cai no Brasil
Pesquisa Pulso Brasil, do Ipespe, mostra que apenas 30% dos brasileiros aprovam o governo de Donald Trump, queda significativa em relação a meses anteriores. Em contrapartida, 53% avaliam positivamente a forma como o governo brasileiro tem reagido ao tarifaço e às sanções impostas pelos Estados Unidos, triplicando o saldo favorável em dois meses.
O levantamento, realizado entre os dias 19 e 22 de setembro com 2.500 entrevistados em todas as regiões do país, aponta que a desaprovação ao governo Trump chega a 61%, quase o dobro do saldo negativo registrado em maio. Entre os eleitores de direita, 20% também já se declaram críticos ao republicano.
Enquanto isso, a postura adotada pelo governo brasileiro diante da escalada protecionista americana é vista de forma cada vez mais favorável. O índice de aprovação subiu para 53%, contra 41% de desaprovação, revelando um crescimento expressivo na confiança popular quanto à condução do tema pelo Planalto.
O estudo também avaliou o impacto eleitoral da associação a Trump em 2026. Quase seis em cada dez brasileiros (57%) acreditam que a proximidade com o ex-presidente americano prejudicaria um candidato à Presidência. A percepção negativa é predominante entre eleitores de esquerda (90%) e centro (66%), mas alcança também 21% da direita.
A pesquisa foi concluída antes do encontro entre Lula e Trump na Assembleia-Geral da ONU, episódio que poderá influenciar futuras medições de opinião.