Escócia, Marrocos e Haiti. Esses são os primeiros obstáculos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2026, sorteados nesta sexta-feira nos Estados Unidos. Um grupo que pode ser classificado como mediano, sem gigantes históricos europeus ou sul-americanos, mas longe de ser um caminho fácil. Marrocos, hoje em torno da 11ª colocação no ranking da FIFA, representa a força emergente do futebol africano, com organização tática, intensidade e jogadores espalhados pelos principais clubes da Europa. A Escócia, por sua vez, na casa da 36ª posição, carrega a tradicional escola europeia de jogo físico, defensivo e competitivo, sempre indigesta em torneios curtos. Já o Haiti, mais frágil tecnicamente, figurando próximo do 79º lugar no ranking, completa o grupo como a seleção menos estruturada.
O Brasil estreia na Copa do Mundo de 2026 no dia 13 de junho, um sábado, contra o Marrocos. A segunda partida será no dia 19 de junho, sexta-feira, diante do Haiti, e o encerramento da fase de grupos acontece no dia 24 de junho, quarta-feira, contra a Escócia.
Com a definição dos grupos, ficou estabelecido que a Seleção atuará na costa leste dos Estados Unidos na primeira fase, decisão que não agradou à comissão técnica, que preferia se fixar na costa oeste. A estreia será em Boston ou Nova York, a segunda rodada ocorre em Boston ou na Filadélfia, e o último jogo do Brasil na fase de grupos será disputado em Atlanta ou Miami.
Em construção
O Brasil, que ainda vive uma fase de reconstrução depois do ciclo traumático iniciado após a Copa de 2022, chega desafiado, mas inevitavelmente tratado como candidato. São cinco estrelas no peito — um peso simbólico que nenhuma outra seleção carrega. Mesmo em meio a trocas sucessivas de treinadores, crises internas e questionamentos técnicos, a Seleção continua sendo colocada no rol dos favoritos. E isso não é apenas soberba histórica: é tradição, camisa, elenco e a capacidade única que o Brasil tem de crescer quando a Copa começa.
A desconfiança atual lembra outros momentos da história. A Seleção de 1970, considerada por muitos a melhor de todos os tempos, com Pelé, Tostão, Rivellino e Gérson, também saiu desacreditada. Houve período em que Pelé foi reserva em amistosos, tamanha a pressão. O ambiente de hoje guarda semelhanças: críticas, incertezas, um país desconfiado. A chegada de Carlo Ancelotti trouxe serenidade, devolveu organização ao ambiente e recuperou parte da respeitabilidade, mas o desempenho em campo ainda carrega interrogações. Mesmo assim, em Copa do Mundo, o Brasil aprende a ser Brasil de novo.
Chamou atenção, durante a transmissão do sorteio, a obsessão de muitos analistas brasileiros por um “grupo ideal”, quase sempre aquele que ofereça o menor risco possível. A sensação é de que parte da imprensa e da torcida quer moleza. Como se fosse aceitável sonhar com um Mundial enfrentando apenas seleções do nível do Haiti. Só que a Copa mudou. O futebol mudou. E ser campeão do mundo, mais do que nunca, exige vencer qualquer adversário, em qualquer contexto. Quem quer o hexa precisa estar pronto para ganhar de Marrocos, de Escócia, ou de quem aparecer no caminho.
O grupo do Brasil não é uma armadilha clássica, mas também está longe de ser protocolar. Exige atenção, maturidade e evolução rápida de uma equipe que ainda está em construção. O favoritismo histórico continua existindo. A convicção cega, não.
O que muda na Copa de 2026 em relação às anteriores
A Copa do Mundo de 2026 marca uma mudança profunda no formato da competição. Pela primeira vez, o torneio terá 48 seleções, ampliando o número de jogos, o desgaste físico e a exigência de regularidade ao longo de toda a disputa.
No formato antigo, vigente até 2022, uma seleção precisava disputar no máximo 7 partidas para levantar a taça: três na fase de grupos e quatro no mata-mata, começando diretamente nas oitavas de final.
A partir de 2026, o caminho até o título será mais longo:
• As 48 seleções serão divididas em 12 grupos com 4 equipes.
• Cada seleção continuará jogando 3 partidas na fase de grupos.
• Avançam ao mata-mata os dois melhores de cada grupo (24 seleções) e os oito melhores terceiros colocados, totalizando 32 equipes.
• O mata-mata passa a começar nos 16 avos de final, e não mais diretamente nas oitavas.
Na prática, isso significa que uma seleção que chegar à final agora terá que disputar 8 jogos para ser campeã — um a mais do que no formato tradicional. Um detalhe que parece pequeno, mas que muda completamente o planejamento físico, tático e emocional das equipes.
Veja os grupos da Copa:
Grupo A:
- México
- África do Sul
- Coreia do Sul
- Repescagem Europa D (Dinamarca, Macedônia do Norte, Tchéquia ou Irlanda)
Grupo B:
- Canadá
- Repescagem Europa A (País de Gales, Itália, Bósnia ou Irlanda do Norte)
- Catar
- Suíça
Grupo C:
- Brasil
- Marrocos
- Haiti
- Escócia
Grupo D:
- Estados Unidos
- Paraguai
- Austrália
- Repescagem Europa C (Turquia, Romênia, Eslováquia ou Kosovo)
Grupo E:
- Alemanha
- Curaçao
- Costa do Marfim
- Equador
Grupo F:
- Holanda
- Japão
- Repescagem da Europa B (Ucrânia, Suécia, Polônia ou Albânia)
- Tunísia
Grupo G:
- Bélgica
- Egito
- Irã
- Nova Zelândia
Grupo H:
- Espanha
- Cabo Verde
- Arábia Saudita
- Uruguai
Grupo I:
- França
- Senegal
- Repescagem Mundial 2 (Iraque, Bolívia ou Suriname)
- Noruega
Grupo J:
- Argentina
- Argélia
- Áustria
- Jordânia
Grupo K:
- Portugal
- Repescagem Mundial (RD Congo, Jamaica ou Nova Caledônia)
- Uzbequistão
- Colômbia
Grupo L:
- Inglaterra
- Croácia
- Panamá
- Gana