sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Bolsonaro indica Flávio e obriga aliados e adversários a recalcular 2026
05/12/2025 14:28
Redação ON Reprodução

Pela primeira vez desde que passou a tratar publicamente da sucessão presidencial, Jair Bolsonaro decidiu indicar, de forma direta, um nome dentro da própria família: o senador Flávio Bolsonaro será seu candidato ao Palácio do Planalto em 2026. A sinalização foi feita a interlocutores próximos nesta semana e rompe com a estratégia de ambiguidade que o ex-presidente vinha adotando até aqui. Ao escolher o filho, Bolsonaro encerra, ao menos por ora, as especulações sobre uma eventual aposta em governadores aliados ou em nomes fora do núcleo familiar.

Na avaliação do ex-presidente, Flávio reúne hoje as condições necessárias para liderar o campo bolsonarista na disputa nacional. A orientação é clara: o senador deve assumir postura de pré-candidato, intensificar viagens pelo país, ampliar sua presença pública e liderar os enfrentamentos diretos com o presidente Lula. Bolsonaro acredita que o filho tem potencial para manter a unidade do PL e contar com palanques relevantes nos maiores colégios eleitorais, especialmente São Paulo, com Tarcísio de Freitas, e o Rio de Janeiro, com Cláudio Castro.

A decisão, porém, tem efeito imediato sobre a cabeça de Tarcísio. O governador paulista vinha sendo tratado como o plano A do bolsonarismo fora da família, sobretudo após adotar uma postura mais ideológica, alinhada ao discurso radical do ex-presidente — movimento que lhe rendeu críticas de setores empresariais, do centro político e até de aliados históricos. Com Flávio oficialmente ungido, Tarcísio deixa de ser alternativa natural à Presidência e passa a ocupar o papel de principal garantidor eleitoral do projeto da família Bolsonaro em São Paulo.

E não é só entre bolsonaristas que o movimento provoca reacomodações. A indicação de Flávio também mexe diretamente com o Centrão. Até aqui, parte expressiva desse grupo trabalhava com a possibilidade de um distanciamento gradual da família Bolsonaro, apostando em um nome mais “palatável” do campo conservador, capaz de dialogar melhor com o Congresso e com o mercado. Ao colocar o filho no centro do projeto, Bolsonaro força o Centrão a redefinir sua estratégia: ou se mantém atrelado ao bolsonarismo raiz, com todos os riscos políticos que isso envolve, ou acelera a busca por uma terceira via de centro-direita para 2026.

Nos bastidores, a leitura é de que Bolsonaro tenta, com esse gesto, impedir a dispersão de seu eleitorado e manter sob controle direto o seu capital político. Ao mesmo tempo, ele empurra governadores, dirigentes partidários e lideranças do Centrão para uma posição desconfortável: apoiar a sucessão familiar ou assumir, desde já, o custo de um rompimento. A reação desse bloco, historicamente pragmático, será decisiva para definir se a candidatura de Flávio nasce competitiva no plano nacional ou restrita ao núcleo duro do bolsonarismo.

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