O Flamengo fez o que se esperava de um time do seu tamanho e da sua ambição. Venceu o Pyramids, do Egito, garantiu vaga na final da Copa Intercontinental e segue transformando desempenho esportivo em resultado financeiro. Não foi um passeio do início ao fim, mas foi uma vitória segura, construída com autoridade e, sobretudo, com muito treino.
O adversário estava longe de ser um figurante. Rico, organizado e formado por jogadores com passagem pelo futebol europeu, o Pyramids mostrou ser um time mais consistente do que o Cruz Azul, eliminado pelo Flamengo na fase anterior. Ainda assim, o rubro-negro impôs sua superioridade técnica e tática na maior parte do jogo.
No primeiro tempo, o Flamengo teve controle quase absoluto da posse de bola. O Pyramids mal conseguia passar do meio-campo e praticamente não ameaçava o gol de Rossi. O domínio virou vantagem no placar com Léo Pereira, de cabeça, após cobrança precisa de Arrascaeta. Era o cenário ideal para uma vitória tranquila.
Mas o que se viu depois do gol foi um relaxamento difícil de explicar. O Flamengo diminuiu o ritmo, perdeu o pulso da partida e permitiu que o Pyramids criasse uma ou duas oportunidades perigosas ainda na primeira etapa. Nada suficiente para mudar o jogo, mas o bastante para servir de alerta.
No segundo tempo, o Flamengo voltou a assumir o controle. E, novamente, foi na bola parada que o time resolveu a partida. Arrascaeta cobrou falta com perfeição e Danilo apareceu livre para marcar de cabeça o segundo gol. Coincidência nenhuma. Os dois gols nasceram de jogadas exaustivamente treinadas, uma marca registrada deste Flamengo.
No Campeonato Brasileiro, os adversários já conhecem essas jogadas e se preparam para elas. Cruz Azul e Pyramids não tiveram a mesma leitura — e pagaram o preço. O 2 a 0 selou a classificação e confirmou a maturidade de um time que sabe exatamente onde buscar vantagem quando o jogo pede eficiência.
Além do mérito esportivo, o Flamengo segue empilhando cifras. Já havia embolsado cerca de R$ 10 milhões pela vitória sobre o Cruz Azul. Com o triunfo diante do Pyramids, a premiação dobrou e chegou a aproximadamente R$ 21 milhões. Caso conquiste o título contra o Paris Saint-Germain, na próxima quarta-feira, o prêmio pode alcançar a casa dos R$ 27 milhões. Mas essa, como diria o outro, é outra conversa.
O fato é que o Flamengo chega à final fazendo jus ao peso da camisa, alternando momentos de domínio absoluto com lapsos que ainda precisam ser corrigidos — especialmente diante de um adversário do calibre do PSG.
Em entrevista recente, o técnico do Paris Saint-Germain, o espanhol Luis Enrique, foi perguntado sobre quem preferia enfrentar em uma eventual final e foi direto: disse que não gostaria de pegar o Flamengo. Pode até ser jogo de cena, estratégia para despistar, mas a declaração carrega um gesto claro de respeito ao peso do rubro-negro no cenário internacional.
Saiba quem é o Pyramids
O Pyramids FC é um clube relativamente novo no cenário internacional. Fundado originalmente em 2008 como Al Assiouty Sport, ganhou projeção a partir de 2018, quando foi comprado, rebatizado e passou a receber investimentos pesados. Primeiro com capital saudita e, desde 2019, sob o comando de um empresário dos Emirados Árabes Unidos, o clube se transformou na chamada “terceira força” do futebol egípcio, quebrando a hegemonia de Al Ahly e Zamalek. Campeão da Liga dos Campeões da África em 2024/25, da Copa do Egito e da Supercopa da CAF, o Pyramids reúne jogadores com passagem pelo futebol europeu e mantém uma curiosa ligação com o Brasil: em sua fase inicial, apostou em nomes conhecidos do futebol brasileiro, como Keno, Rodriguinho e Ribamar, além do técnico Alberto Valentim, numa tentativa clara de acelerar sua afirmação continental.