sábado, 6 de dezembro de 2025
Apesar do impacto negativo, Cabo Gilberto e Nilvan puxam a tropa de Flávio Bolsonaro na Paraíba
06/12/2025 05:54
Redação ON Reprodução

A Paraíba tornou-se um dos primeiros palcos da reação bolsonarista à indicação do nome de Flávio Bolsonaro para disputar a Presidência da República em 2026. Pelo menos dois personagens locais assumiram o protagonismo dessa mobilização: o deputado federal Cabo Gilberto Silva e o radialista Nilvan Ferreira. Ambos adotaram um discurso de defesa incondicional da candidatura, tratando o movimento como definitivo e estratégico, mesmo diante da resistência observada no cenário nacional.

Cabo Gilberto foi direto ao ponto. Em declarações públicas e nas redes sociais, pediu que toda a direita concentre esforços em torno do nome de Flávio Bolsonaro, afirmando que qualquer escolha feita por Jair Bolsonaro seria melhor do que a permanência de Lula no poder. O deputado cobra engajamento imediato, aposta na unificação do campo conservador e tenta transformar a candidatura do senador em fato consumado dentro do bolsonarismo paraibano.

Já Nilvan Ferreira, que tenta retornar ao PL, também entrou no jogo. Em tom enfático, demonstrou, em postagem no TikTok, convicção de que Flávio Bolsonaro será o nome que chegará ao segundo turno contra Lula. Nilvan adotou uma narrativa de confronto direto com o que chama de “sistema”, sugerindo que o anúncio pegou de surpresa setores da política, da imprensa e das instituições, que agora tentam decifrar a jogada de Bolsonaro.

Esse movimento local revela mais do que fidelidade ideológica. Mostra também uma tentativa de se posicionar com antecedência dentro da estrutura bolsonarista, numa fase em que o grupo vive disputas internas, incertezas jurídicas e uma evidente fragmentação nacional. Na Paraíba, o gesto de Cabo Gilberto e Nilvan funciona como um selo de lealdade explícita ao clã Bolsonaro — ainda que isso implique apostar em uma candidatura que, fora da bolha, enfrenta forte resistência.

Só depois desse alinhamento regional é que o debate ganha dimensão nacional. No plano mais amplo, a indicação de Flávio Bolsonaro causou estranheza quase unânime entre analistas políticos, setores do mercado e até partes da própria direita. Há quem veja a decisão como precipitada, há quem interprete como balão de ensaio para medir a reação do país, e há quem aposte que Bolsonaro quis apenas reafirmar poder político mesmo estando preso.

Os reflexos foram imediatos. Nas redes sociais, a repercussão negativa ultrapassou em muito o apoio orgânico. No mercado financeiro, o impacto foi concreto, com queda nas bolsas e alta do dólar, sinais claros de insegurança institucional gerada pelo movimento. Parte da imprensa nacional reagiu com perplexidade, avaliando que Bolsonaro teria ignorado nomes considerados mais “viáveis” e preferido o enfrentamento direto ao sistema ao optar por um filho.

No fundo, o anúncio parece carregar um recado político: mesmo fora do jogo formal e atrás das grades, Bolsonaro quer mostrar que continua influenciando o tabuleiro. Ao lançar Flávio, tensiona o sistema, desafia os setores que davam como certo um candidato mais moderado da direita e força o ambiente político a reagir. Resta saber se a aposta vai se sustentar como projeto real de poder ou se ficará apenas como mais um movimento tático de pressão.

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