O clima entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o Palácio do Planalto chegou ao ponto mais tenso do governo Lula. Depois de impor derrotas expressivas ao Executivo nesta semana, o senador ampliou a queda de braço e agora mira espaços de comando em bancos públicos e autarquias federais. Entre os alvos, está justamente o Banco do Brasil, presidido pela paraibana Tarciana Medeiros, de Campina Grande.
Segundo aliados de Alcolumbre e fontes do próprio Planalto, o senador colocou sobre a mesa uma “fatura” pesada: para colaborar na agenda do governo no Senado, quer influência direta nas presidências do Banco do Brasil, do Banco do Nordeste, do Cade e da CVM. A pressão ocorre no exato momento em que o Congresso aprovou uma pauta-bomba e derrubou vetos do governo, escancarando a fragilidade da articulação política.
A ofensiva de Alcolumbre, no entanto, não se resume à disputa por cargos. O senador acumulou críticas recentes à condução econômica do governo — especialmente ao aumento de impostos sem diálogo com o Congresso — e se irritou com a escolha de Jorge Messias para o STF, preterindo o nome de Rodrigo Pacheco, seu aliado. Desde então, rompeu com o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, e endureceu o tom contra Lula.
Outra frente de atrito veio na política externa: Alcolumbre promulgou a lei que institui o Dia da Amizade Brasil–Israel depois que Lula deixou o prazo constitucional expirar, gesto interpretado como uma crítica direta às posições do presidente sobre o conflito no Oriente Médio.
Para completar, o Senado pautou nesta semana a aposentadoria diferenciada para agentes comunitários de saúde — movimento visto no Planalto como instrumento de pressão política em meio à disputa por espaço e influência.
Em reservado, aliados dizem que Alcolumbre avisou que será “um novo Davi” para o governo, adotando postura mais dura e imprevisível. No centro dessa guerra fria está a presidência do Banco do Brasil, atualmente ocupada por uma paraibana que goza de prestígio na equipe econômica.
Tarciana Medeiros, 45 anos, é administradora, nasceu em Campina Grande e foi a primeira mulher a assumir o comando do Banco do Brasil. Agora, vira peça central de um tabuleiro político que promete ferver nos próximos dias.