sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Situação pode piorar: além do tarifaço de Trump, lei do Congresso americano ameaça comércio do Brasil com a Rússia
30/07/2025 12:57
Redação ON Reprodução

A partir desta sexta-feira (1º/8) entra em vigor o chamado tarifaço do presidente Donald Trump, que impõe tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos. Mas a situação, que já é considerada dramática por exportadores e setores produtivos, pode se agravar nos próximos meses.

Durante coletiva concedida nesta quarta-feira (30) em Washington D.C., senadores brasileiros que integram a comitiva enviada aos EUA para tentar negociar com os americanos revelaram que existe o risco concreto de uma nova e mais severa sanção ser aprovada pelo Congresso dos EUA. Diferente do tarifaço atual, que é uma decisão unilateral de Trump, a medida teria força de lei e passaria a valer independentemente de quem ocupe a Casa Branca.

Segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), os parlamentares foram alertados por congressistas do Partido Democrata — opositores de Trump — que está em tramitação no Congresso norte-americano um projeto para punir automaticamente países que mantêm relações comerciais com a Rússia.

“Se esse projeto for aprovado, o Brasil pode ser atingido com ainda mais força, porque somos dependentes da importação de fertilizantes russos para a agricultura. Sem esses insumos, o agronegócio brasileiro praticamente para”, afirmou Wagner.

Risco de isolamento econômico

A pressão faz parte da estratégia dos EUA de tentar isolar economicamente o governo de Vladimir Putin e forçá-lo a aceitar um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. De acordo com os senadores, democratas deixaram claro que, se o Brasil não reduzir ou romper seus acordos com Moscou, poderá enfrentar tarifas automáticas que atingiriam exportações brasileiras em setores estratégicos.

Mais cedo, Trump anunciou que também aplicará tarifas de 25% sobre produtos da Índia a partir de 1º de agosto, alegando que o país asiático mantém compras expressivas de energia e armamentos da Rússia.

“Em um momento em que todos querem que a Rússia pare de matar na Ucrânia, isso tudo não é bom”, escreveu Trump em suas redes sociais.

Comitiva brasileira tem pouco espaço nas negociações

O grupo de oito senadores brasileiros desembarcou em Washington no início da semana para sensibilizar parlamentares e o empresariado americano sobre os impactos do tarifaço de Trump. No entanto, a própria comitiva reconhece que não tem assento nas negociações oficiais, conduzidas diretamente pelo governo federal, sob comando do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Entre 28 e 30 de julho, os parlamentares se reuniram com nove congressistas americanos (oito democratas e um republicano) e representantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Desse encontro, surgiu a iniciativa de enviar uma carta a Trump pedindo a prorrogação do prazo para a entrada em vigor do tarifaço, que não deve ser atendida.

Lula pressionado a falar com Trump

Nos bastidores, empresários e congressistas dos EUA teriam pedido que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) converse diretamente com Trump. Jaques Wagner afirmou que o petista demonstrou disposição para dialogar, mas rechaçou tratar temas ligados ao judiciário brasileiro.

“Vários interlocutores destacaram essa necessidade. O presidente Lula disse que não tem problema em falar com Trump, mas a diplomacia precisa organizar isso. Não acredito que esse encontro ocorra antes de 1º de agosto”, disse Wagner.

Com o tarifaço prestes a entrar em vigor e a ameaça de sanções automáticas no horizonte, a sensação no meio empresarial e no agronegócio é de incerteza total. A dependência de fertilizantes russos e a possibilidade de um isolamento econômico ampliam a apreensão no Brasil.

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