Os protestos contra as políticas de imigração do governo Donald Trump, inicialmente concentrados em Los Angeles, se espalharam por diversas cidades americanas, segundo reportagem publicada nesta terça-feira (11) pelo The New York Times. O país acordou com registros de novas manifestações em várias regiões, enquanto as autoridades reforçam o aparato de segurança.
Em Los Angeles, foi decretado toque de recolher na área central. Em Nova York, a polícia reprimiu os manifestantes com prisões e detenções forçadas; em Atlanta, agentes lançaram produtos químicos contra a multidão; já em Chicago, veículos foram depredados e policiais tiveram que conter pessoas que atiravam garrafas de água. Helicópteros da polícia sobrevoaram o centro de Los Angeles com alertas por alto-falante ameaçando prender quem desobedecesse ao toque de recolher.
O embate político também se intensificou. O governador da Califórnia, Gavin Newsom — democrata e cotado como possível candidato à presidência — criticou duramente a decisão de Trump de enviar cerca de 5 mil tropas federais a Los Angeles, classificando a medida como “um passo autoritário perigoso”. Em discurso transmitido nacionalmente, afirmou: “A democracia está sob ataque diante dos nossos olhos. O momento que temíamos chegou”.
Segundo o NYT, a previsão é de que os protestos continuem. Tropas da Marinha dos EUA foram mobilizadas para proteger agentes federais de imigração e prédios do governo. No Texas, o governador Greg Abbott acionou a Guarda Nacional em antecipação a manifestações previstas em San Antonio. Trump, por sua vez, afirmou que qualquer novo protesto será enfrentado com “força igual ou superior” à usada em Los Angeles, cidade que chamou de “lixão”, prometendo ainda “libertá-la”.
Operações continuam em meio à tensão
De acordo com o jornal, as manifestações expressam o descontentamento generalizado com a política migratória de Trump, que foi eleito com a promessa de promover deportações em massa e tem realizado operações de impacto para mostrar que cumpre o compromisso.
Com o avanço dos protestos, o governo intensificou as operações. Tropas da Guarda Nacional acompanham agentes federais em batidas por Los Angeles. Segundo uma porta-voz do governo, os fuzileiros navais também darão apoio de segurança aos agentes do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega).
Dados obtidos pelo New York Times mostram que, desde o início do governo Trump, o ICE já prendeu mais de 100 mil pessoas suspeitas de estarem ilegalmente no país. Ex-funcionários alertam que a pressão por recordes de prisões eleva o risco de erros. A Casa Branca afirma que adota medidas para reduzir essas falhas.
O repórter Hamed Aleaziz, do NYT, acompanhou uma das ações do ICE em Miami. Em um dos casos relatados, um hondurenho que não era alvo da operação acabou preso ao aparecer para dar carona ao irmão, que era procurado pelos agentes — exemplo das chamadas “prisões colaterais”, em que pessoas próximas aos alvos acabam detidas para aumentar as estatísticas de prisões.