domingo, 7 de dezembro de 2025
Flávio Bolsonaro entra no jogo presidencial e divide a direita para 2026
07/12/2025 06:56
Redação ON Reprodução

O anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro ao Palácio do Planalto movimentou intensamente o campo da direita brasileira nesta sexta-feira. A entrada do filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro na disputa reacendeu o debate interno sobre estratégia eleitoral, potencial de votos, rejeição e impactos no cenário econômico.

Flávio afirmou disputar a Presidência com o apoio direto do pai, que está fora da corrida eleitoral por estar inelegível desde 2023 e preso desde novembro de 2025, após condenação por tentativa de golpe de Estado relacionada às eleições de 2022.

A possibilidade de um novo embate entre o PT e um Bolsonaro em 2026, agora com o nome de Flávio, gerou reação imediata no mercado financeiro. No dia do anúncio, o dólar subiu mais de 2% e a Bolsa recuou mais de 4%, em meio à leitura de que a candidatura reforça a polarização e dificulta uma aproximação com setores de centro.

Nos bastidores, lideranças da direita se dividem entre entusiasmo e cautela. Enquanto o bolsonarismo raiz comemora a entrada de Flávio, alas mais pragmáticas enxergam riscos eleitorais e de governabilidade.

Por que aliados defendem Flávio

Entre os apoiadores mais próximos, a avaliação é que Flávio reúne atributos políticos que o diferenciam dos demais integrantes da família. É visto como mais hábil no diálogo, com maior capacidade de articulação e uma postura considerada mais técnica e calculada.

Outro argumento favorável é que o bolsonarismo já possui um piso eleitoral robusto, capaz de colocar qualquer nome apoiado por Jair Bolsonaro no segundo turno. Para esse grupo, Flávio começaria a disputa em vantagem nesse aspecto.

Há ainda a leitura de que ele não precisaria fazer esforço para herdar o capital político do pai, já que a associação é automática, inclusive no nome que estará na urna. Também pesa a seu favor, segundo aliados, a possibilidade de liderar o debate nacional sobre segurança pública, tema sensível e central para a eleição de 2026.

Críticas e resistências internas

Por outro lado, setores da direita que defendem uma candidatura mais ampla alertam que Flávio possui não apenas um piso, mas também um teto de votos, imposto pela elevada rejeição ao sobrenome Bolsonaro. A avaliação é que a repetição da polarização de 2022 tende a favorecer novamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Há receio de que a campanha se concentre em pautas identitárias e morais, esvaziando o debate econômico, fiscal e sobre crescimento. Integrantes desse grupo também avaliam que Flávio teria mais dificuldade de atrair o eleitorado de centro do que outros nomes da direita, como governadores que hoje despontam no cenário nacional.

Além disso, episódios do passado continuam a pesar contra o senador nos bastidores políticos, incluindo investigações envolvendo antigos assessores e questionamentos sobre sua trajetória pública. Também é lembrado um problema de saúde ocorrido durante um debate municipal em 2016, explorado por críticos como argumento sobre sua resistência física para uma campanha longa e intensa.

Cenário ainda em aberto

A pré-candidatura de Flávio Bolsonaro reorganiza o tabuleiro da direita e antecipa uma disputa interna que deve se intensificar ao longo de 2025 e 2026. Enquanto o bolsonarismo aposta na força do sobrenome, outros setores trabalham para construir uma alternativa capaz de dialogar com o centro e reduzir os níveis de polarização no país.

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