sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
Os efeitos colaterais da ascensão meteórica nas famílias dos jogadores
30/06/2025

Endrick ainda nem completou 20 anos, mas já conhece, de perto, o custo invisível da fama. Pouco depois de sua transferência para o Real Madrid — marco de uma mudança radical no status da família —, seus pais, Cintia Ramos e Douglas Sousa, colocaram um ponto final em um casamento de 19 anos. Ela, agora radicada na Espanha para acompanhar a nova vida do filho, investe em uma aparência rejuvenescida e circula por eventos badalados como o leilão beneficente de Neymar. Ele, em São Paulo, também passou por uma transformação estética e recentemente foi visto sozinho na casa da mãe de Mallu Ohana, ex de Dudu.

Os dois, que até pouco tempo levavam uma vida simples — Douglas chegou a trabalhar como faxineiro no Palmeiras —, hoje exibem versões atualizadas de si mesmos: procedimentos estéticos, treinos intensos, roupas novas, redes sociais organizadas e um evidente desejo de se reencontrar nesse novo mundo. A pergunta que fica é: até que ponto o dinheiro resolve tudo?

Casos como o de Endrick não são exceção no futebol brasileiro. A ascensão meteórica de jovens talentos costuma vir acompanhada de uma desestruturação emocional silenciosa — e muitas vezes pública. O próprio Neymar cresceu em meio a um turbilhão familiar que segue dando capítulos: o pai virou empresário poderoso, mas também uma figura controversa; a mãe namorou um dos “parças” do filho; e a irmã vive relacionamentos com jogadores que estampam os sites de fofoca tanto quanto as páginas esportivas.

A abundância material não garante equilíbrio emocional. A fama precoce, os holofotes constantes e a súbita mudança de classe social criam um vácuo de referências — e, não raro, rachaduras. São famílias que deixam de lidar com os dilemas cotidianos para se adaptar a um novo mundo onde tudo se mede por exposição, influência e imagem. Mas será que isso basta?

Há exceções, claro. Lionel Messi, por exemplo, é um símbolo de estabilidade: casado com Antonela, sua namorada de infância, pai de três filhos, vive uma rotina de discrição e constância. E talvez seja justamente essa base sólida, afetiva e silenciosa, que tenha sido crucial para que ele alcançasse não só o topo do futebol, mas também um tipo raro de serenidade emocional num universo de excessos.

No fim das contas, todos querem ser ricos — e não há mal nenhum nisso. Mas todos também querem ser felizes. E nem sempre as duas coisas caminham juntas.

A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (30/6)


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