Há um fio invisível que conecta Neymar a dois dos resultados mais surpreendentes da história recente do futebol mundial. Fluminense 2 x 0 Inter de Milão. Al-Hilal 4 x 3 Manchester City. Duas zebras improváveis, duas vitórias que desafiam lógica, estatísticas e casas de apostas. E, em ambas, paira a sombra do “quase Neymar”.
O Al-Hilal, da Arábia Saudita, investiu bilhões para ter o craque brasileiro. Pagou salários de R$ 2 milhões/dia, criou toda uma estrutura ao seu redor, mas Neymar entregou quase nada. Lesionado, desinteressado, voltou ao Brasil antes do fim da temporada. E agora, com um elenco mais modesto — mas aplicado — o mesmo Al-Hilal surpreende o mundo ao eliminar o Manchester City, uma das equipes mais caras e badaladas do planeta.
Do outro lado da chave, está o Fluminense. Neymar revelou, em entrevista recente, que “quase” fechou com o clube carioca para disputar o Mundial. Quase. O mesmo Fluminense que, com um elenco experiente e desacreditado, derrubou a poderosa Inter de Milão. Um time que a imprensa italiana tratava como favorito absoluto e que zombava da idade de Fábio (44) e Thiago Silva (40). Pois foram justamente esses dois os gigantes em campo.
Se estivesse fisicamente pronto, mentalmente focado e comprometido com o jogo, Neymar poderia ser protagonista nas quartas de final do Mundial — seja vestindo azul saudita ou tricolor carioca. Mas virou o craque do quase. Quase brilhou. Quase voltou. Quase decidiu. O mata-mata do Mundial de Clubes é, também, o retrato de uma ausência ruidosa: a de quem preferiu viver entre festas e lesões, enquanto os outros fizeram história.