Passados alguns meses desde o fim da temporada de 2024, o clube ainda não quitou integralmente os valores devidos a suas atletas pela conquista da Libertadores Feminina e pelo vice-campeonato Paulista, sejam as que já deixaram a equipe, sejam as que ainda permanecem no elenco, contudo, anuncia novas contratações para 2025.
A aparente contradição entre não quitar as dívidas anteriores e ainda assim gastar para contratar nova atleta, ainda que seja apenas salário, revela mais do que simples inadimplemento contratual.
Demonstra uma política de gestão que parece ignorar compromissos passados em nome da construção de uma nova temporada. Se há espaço orçamentário para assinar contratos plurianuais com novas atletas, até 2027, é porque há receita. E se há receita, não há justificativa plausível para o não pagamento das premiações devidas.
Não se trata apenas de uma questão contábil ou de gestão, mas de falta de respeito às jogadoras que honraram a camisa do clube e escreveram seu nome na história recente.
Ao deixar de priorizar o pagamento dos prêmios vencidos, o Corinthians passa a mensagem de que a valorização do elenco campeão termina com o apito final — o que transforma uma dívida em descaso institucionalizado.
Mais do que títulos, a grandeza de um clube se mede pela forma como honra seus compromissos. Contratar novas jogadoras sem quitar o que se deve às antigas é repetir o erro da gestão anterior — e perpetuar a ideia de que, no futebol feminino, prometer vale mais do que cumprir.
Mais uma vez, o Corinthians deu prioridade à montagem de um elenco novo — com nomes de peso e contratos caros — enquanto deixava pendências financeiras sem solução.
Isso evidencia um padrão de gestão que coloca a projeção esportiva e midiática acima da responsabilidade contratual e do cumprimento de obrigações assumidas com seus funcionários. Podendo ser a razão para um pedido de danos morais.
Assim como no caso do elenco feminino, a contratação de novos jogadores diante de dívidas em aberto reforça a tese de que o problema não é apenas financeiro, mas também de escolhas administrativas. E quando a escolha é gastar antes de pagar, o que se revela é uma lógica de desrespeito aos compromissos e, por consequência, à credibilidade institucional do clube.