A eliminação do Flamengo para o Bayern de Munique, nesta fase de oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes, não foi exatamente uma surpresa — pelo menos para quem olha o futebol sem o filtro da paixão. Na quarta-feira, já havíamos alertado aqui na coluna que a euforia da imprensa carioca era mais devaneio com microfone do que análise. Muitos pareciam acreditar que o Flamengo caminharia sem tropeços sobre Bayern, PSG, e ainda encontraria forças para superar Real Madrid ou Manchester City na final. Era uma ilusão.
Contra o Bayern, o Flamengo enfrentou o jogo que não permite erros — e errou em sequência. Os alemães abriram 2 a 0 com apenas nove minutos, explorando falhas grotescas na saída de bola e contando até com gol contra. O semblante dos jogadores rubro-negros já entregava o nervosismo antes mesmo da bola rolar.
Aos 10 minutos, o narrador da Globo, Luiz Roberto, resumiu o espanto: “Eu nunca vi o Flamengo ser dominado assim.” Pode até ter sido exagero, considerando atuações medíocres em jogos da Libertadores, mas a frase expôs bem o choque de realidade diante de um adversário que impõe intensidade e precisão como poucos.
No segundo tempo, quando o Flamengo parou de errar, até esboçou uma reação. Jorginho, surpreendentemente escalado para bater um pênalti, converteu e reduziu a diferença. A escolha foi arriscada — o jogador é novato no clube e carrega um histórico de cobranças desperdiçadas com a camisa da Itália — mas funcionou.
Ainda assim, o Bayern seguiu letal. Harry Kane marcou dois gols e deixou uma lição. Não é um gênio da bola, mas é o centroavante que o futebol brasileiro desaprendeu a produzir: finalizador nato, preciso, oportunista. Um tipo em extinção por aqui.
Com a eliminação do Flamengo, que se junta ao adeus precoce do Botafogo, a esperança brasileira agora recai sobre o Fluminense — com chances escassas — e, principalmente, sobre o Palmeiras, último representante nacional nas quartas.