A Copa do Mundo de Clubes acendeu o sinal de alerta na Fifa quanto às condições climáticas que as seleções deverão enfrentar na Copa de 2026. O calor extremo registrado nos jogos recentes, com temperaturas superiores a 32°C e partidas marcadas para as 15h, levou atletas e treinadores a protestarem. O técnico do Chelsea, Enzo Maresca, afirmou ser “impossível” treinar nas tardes sufocantes da Filadélfia. A Fifpro, sindicato mundial dos jogadores, alertou que as condições devem “servir como um alerta” para a organização do próximo Mundial.
No entanto, para clubes e torcedores sul-americanos, a reação europeia beira o espanto. No Brasil, partidas da Série A são disputadas frequentemente sob sol de 40 graus no Norte e no Nordeste do País. Mais do que isso: seleções e equipes do continente precisam enfrentar desafios que o futebol europeu sequer cogita. Jogos da Copa Libertadores e das Eliminatórias são disputados a quase 4 mil metros de altitude, como em La Paz, na Bolívia, ou em Quito, no Equador, acima de 2.800 metros.
Se o calor dos EUA preocupa a Fifa, talvez esteja na hora de discutir também as desigualdades históricas enfrentadas pelos sul-americanos, muitas vezes obrigados a competir em condições ainda mais extremas — e sem a mesma mobilização global em torno de sua segurança ou desempenho. O calor é, sim, um fator importante a ser considerado. Mas não é o único. E para quem já enfrentou o ar rarefeito da altitude andina, a temperatura alta pode parecer apenas mais um obstáculo entre tantos.