O consumo de medicamentos como a tadalafila e a sildenafila tem registrado aumento significativo no Brasil, acendendo um sinal de alerta entre profissionais de saúde sobre os perigos do uso recreativo e indiscriminado. Dados de uma pesquisa Pharmaceutical Market Brazil (PMB) revelam que a tadalafila tornou-se o quinto medicamento genérico mais vendido no país, com mais de 61 milhões de unidades comercializadas. Já a sildenafila alcançou a oitava colocação, com mais de 43 milhões de unidades vendidas.
Segundo a pesquisa, São Paulo e Minas Gerais lideram o ranking, com 20,82% e 12,44%, respectivamente, do total de vendas no país. Ainda, segundo um levantamento da Anvisa, nos últimos dez anos, houve um salto de 3 milhões de unidades adquiridas.
Apesar de indicadas para o tratamento da disfunção erétil, essas substâncias vêm sendo utilizadas por jovens como supostos aliados no desempenho físico ou sexual, sem prescrição médica. Especialistas apontam que essa prática representa riscos importantes à saúde, como complicações cardiovasculares e interações medicamentosas perigosas.
Riscos à saúde
Essas substâncias pertencem à classe dos inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), potentes vasodilatadores que, quando combinados com nitratos, usados no tratamento de angina e infarto, podem causar quedas abruptas de pressão arterial.
O cardiologista e professor da Afya Educação Médica de Vitória, Dr.Antônio Avanza, explica que essa interação compromete o fluxo coronariano e pode agravar quadros de isquemia. “A bula da tadalafila, por exemplo, contra indica expressamente o uso concomitante com nitratos, recomendado um intervalo mínimo de 48 horas entre as intervenções. Em emergências cardiovasculares, pacientes que omitirem essa informação dificultam o diagnóstico e o uso seguro de vasodilatadores alternativos, às vezes deixando de receber o tratamento mais adequado para angina ou infarto”, alerta.
De acordo com dados da Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), nos últimos 25 anos ocorreram mais de 2.400 casos adversos relacionados ao uso de sildenafila e tadalafila no Reino Unido, e 10% desses casos resultaram em óbito. Já a Agência Europeia de Medicamentos apontou que 8% dos casos de Eventos Cardiovasculares Maiores (MACE) estavam relacionados ao uso desses dois medicamentos e que a população mais afetada foram pacientes com menos de 65 anos.
Embora não haja necessidade de receituário especial para tadalafil ou sildenafil – diferentemente de medicamentos como antipsicóticos ou alguns antidepressivos – a educação do paciente é fundamental.
Segundo o Dr. Avanza, embora jovens saudáveis não costumem apresentar contraindicações, é imprescindível que qualquer pessoa faça avaliação cardiológica antes de usar inibidores de PDE5. “Isso inclui exames como eletrocardiograma e, se indicado, teste de esforço, para assegurar que o coração tolera a queda de pressão que esses fármacos provocam. Em pacientes com sintomas de hiperplasia prostática benigna, alguns urologistas utilizam essas drogas para melhorar o fluxo urinário, mas sempre com supervisão médica”, esclarece.
Para coibir o uso indiscriminado, o cardiologista da Afya defende campanhas educativas e protocolos de orientação em farmácias. “Não se trata de impedir o acesso, mas de garantir que, no momento da compra, o consumidor receba orientações claras sobre os perigos de usar o medicamento sem avaliação médica prévia, interações mais comuns e sinais de alerta de hipotensão e arritmia”, destaca Dr. Avanza.
Especialista adverte sobre o uso indiscriminado de Tadalafila e Sildenafila
12/06/2025
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Saúde
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