sexta-feira, 5 de dezembro de 2025
É preciso garantir o direito das equipes femininas votarem
20/05/2025

A CBF, como qualquer entidade jurídica, tem por essência possuir qualquer orientação ideológica. Por tal razão, é equivocado dizer que a entidade ou o seu estatuto são machistas.

Contudo, o estatuto, em seu artigo 40, incisos I e II, ao estabelecer que apenas os representantes das equipes masculinas das séries “A” e “B” do campeonato nacional masculino podem votar para presidente, não agiu com a necessária equivalência. Pois, ou nenhum clube vota — já que a CBF é composta por federações estaduais, e não por clubes — ou se permite que os representantes femininos votem.

Entendo que o estatuto é de 2017, anterior à exigência de criação e manutenção das equipes femininas para uma adequação às normas vindas da FIFA, ou seja, quando o futebol feminino ainda não tinha a representatividade que possui hoje.

Porém, o estatuto precisa mudar urgentemente, pois as equipes femininas que estão nas séries A1 e A2, e que sofrem os efeitos das decisões vindas da CBF, podem e devem ser ouvidas nas eleições para a presidência da entidade.

Sim, tal mudança pode alterar a composição do poder no futebol nacional, pois existem equipes exclusivamente femininas, que podem e devem ser respeitadas, como também clubes com equipes masculinas e femininas, que votariam duas vezes.

Mas o que não pode é o futebol feminino continuar a ser tratado como “café com leite” (não sei se é um regionalismo), como uma simples obrigação a ser cumprida pelos clubes, que alguns apaixonados abraçam simplesmente por gostar.

É preciso ser considerado como elemento essencial da estrutura da CBF, o que o poder de voto confere, e que não será descontinuado se a FIFA deixar de exigir como requisito obrigatório para as equipes masculinas disputarem competições.

Que se aproveitem as mudanças que virão com a nova presidência e que se mude o estatuto para garantir ao futebol feminino o poder de votar nas eleições para presidente, como qualquer outro clube masculino das duas primeiras divisões pode votar, garantindo assim a igualdade de gênero prevista na Constituição Federal.

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Higor Maffei Bellini é advogado, radicado em São Paulo, defensor dos direitos das atletas do futebol feminino em todo o Brasil.