Pesquisa inédita do Instituto Mulheres do Imobiliário aponta que 50% das pessoas buscam um novo imóvel após o divórcio; 39% relatam uma piora no padrão de moradia e de vida

O Brasil vive uma nova dinâmica no mercado imobiliário, impulsionada por um fenômeno que vem ganhando força nos últimos anos: o aumento dos divórcios. Com 420 mil separações registradas em 2022 — o maior número da série histórica, segundo dados do IBGE —, o país assiste a uma transformação no comportamento do consumidor e nas suas escolhas habitacionais. O reflexo dessa mudança? Uma busca crescente por imóveis mais compactos, funcionais e acessíveis, principalmente nas grandes cidades.
“O mercado imobiliário é impulsionado pelo crescimento vegetativo, ou seja, orgânico da população, assim como pela transferência para novas moradia, por diferentes motivos, busca por upgrade, downgrade, saída do aluguel e, é claro, pelas separações e divórcios”, explica a professora Tizi Weber, PhD em comportamento do consumidor e especialista no mercado imobiliário.
Segundo prévia da pesquisa inédita “O Impacto das Separações na Demanda por Imóveis”, que está sendo realizada pelo Instituto Mulheres do Imobiliário, as separações são um fenômeno relevante para explicar a demanda por moradia por taxas de transferência: mais de 50% dos entrevistados buscaram um novo imóvel após o divórcio, sendo 29% alugado e 22% imóveis próprios (quitados ou financiados).

O estudo do Instituto Mulheres do Imobiliário também mostra que, antes da separação, 76% dos respondentes moravam em imóveis próprios (quitados ou financiados). Entre os que moravam em imóveis próprios, 49% das mulheres foram responsáveis por 50% ou mais do valor financeiro para a aquisição.
Os números também destacam que, no financiamento para aquisição de novos imóveis após o divórcio, 44% dos entrevistados utilizaram o valor da divisão de bens com esta finalidade.
Um novo cenário familiar: a mudança no padrão de moradia
Em um país onde os laços familiares estavam tradicionalmente ligados a grandes residências, o aumento do número de divórcios revela uma mudança no conceito de “morar”. Mais do que uma simples alteração no status civil, as separações trazem à tona a necessidade de reconfigurar a vida e, com ela, o lar. Em São Paulo, por exemplo, a cada quatro lançamentos de apartamentos, um é classificado como compacto — uma tendência que começa a se espalhar por outras capitais, como Porto Alegre, Curitiba e João Pessoa.

“Os imóveis compactos são um reflexo direto das novas configurações familiares e econômicas. Pessoas solteiras, casais sem filhos e casais com um menor número de filhos são exemplos de arranjos hoje muito comuns que clamam por imóveis mais práticos. No caso das separações, também é natural que a pessoa busque por um imóvel de menor metragem, buscando adequação ao novo estilo de vida”, relata Tizi Weber.
Entre os entrevistados que já responderam à prévia da pesquisa sobre divórcios e o mercado imobiliário, 39% relatam uma piora no padrão de moradia e de vida após a separação. Para estes casos, os principais motivos são a diminuição da renda familiar, aumento das despesas com filhos e aumento das despesas com moradia. Estes dados revelam a importância de proporcionar um morar de qualidade e mais acessível diante das novas dinâmicas familiares.
De acordo com dados do IBGE, o Brasil teve um aumento significativo nas separações nos últimos 20 anos. Enquanto em 2002 o número de divórcios anuais não passava de 250 mil, em 2022 esse número ultrapassou a marca dos 420 mil. “O crescimento não se limita ao aumento populacional, mas reflete mudanças culturais e sociais mais profundas, como maior autonomia feminina, mudanças no mercado de trabalho e, especialmente, a evolução dos modelos de convivência e relacionamentos”, afirma a diretora-presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário e do MI2B, Elisa Rosenthal.

A demanda por imóveis compactos: mais do que uma tendência passageira
O aumento dos divórcios também acelera a procura por imóveis menores e mais acessíveis. Especialistas apontam que a demanda por apartamentos compactos, de 30m² a 50m², cresceu 18% nos últimos cinco anos, especialmente em áreas centrais das grandes cidades. Além disso, a flexibilidade nas opções de financiamento e o crescimento do aluguel com opção de compra são alternativas que têm atraído quem precisa de mais acessibilidade financeira, mas sem abrir mão de conforto e localização.
“O mercado imobiliário está cada vez mais dinâmico e heterogêneo. Compacto não significa menor qualidade de vida, pelo contrário, existe uma demanda por versatilidade daqueles que buscam estilos de vida nômades, cosmopolitas, minimalistas, e assim, por diante…”, comenta Tizi Weber.
“O mercado imobiliário está se ajustando a um novo perfil de consumidor, que prioriza não apenas a localização e o preço, mas a funcionalidade e a adaptação do imóvel às novas necessidades de quem está recomeçando a vida”, destaca Elisa Rosenthal.
Novas alternativas para o consumidor em transformação
O mercado imobiliário não está apenas oferecendo imóveis menores, mas também soluções que respondem às necessidades emocionais e financeiras de quem está recomeçando. Com isso, cresce a adesão a modelos de financiamento mais flexíveis, como consórcios, e a busca por alternativas com menor burocracia, como o aluguel com opção de compra.

A necessidade por novas alternativas é corroborado pelos dados da pesquisa do IMI, que mostram que, entre as pessoas que moravam de aluguel antes da separação, 47,1% buscaram outro imóvel alugado e apenas 17,7% passaram a morar em um imóvel próprio (quitado ou financiado). Entre aqueles que se separaram e passaram a morar de aluguel (29,2%), 63% moravam anteriormente em um imóvel próprio. “Desburocratizar a possibilidade de compra, significa atender a uma demanda crescente da sociedade que enfrenta desafios contemporâneos, em que a moradia representa um importante porto seguro”, afirma a professora e PhD Tizi Weber.
Por fim, com a transformação das dinâmicas familiares e a crescente digitalização do setor imobiliário, é possível observar uma tendência crescente de consultorias especializadas e serviços de apoio psicológico, que visam ajudar na transição e adaptação desse novo perfil de consumidor.
“O futuro do mercado imobiliário, portanto, não é só sobre vender imóveis. É sobre entender as novas demandas e oferecer mais do que espaço físico: é sobre proporcionar o recomeço de uma nova vida”, conclui Elisa Rosenthal.
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Instituto Mulheres do Imobiliário
O Instituto Mulheres do Imobiliário é o primeiro e maior grupo feminino do setor imobiliário no Brasil, dedicado à equidade de gênero e à transformação do mercado por meio da inclusão e do desenvolvimento sustentável. Com atuação voltada para educação, geração de trabalho decente, acesso à habitação e incentivo ao empreendedorismo feminino, o Instituto promove ações concretas para fortalecer a presença das mulheres na cadeia produtiva do setor. Além de fomentar relações urbanas mais inclusivas e sustentáveis, a organização atua no combate à discriminação e na construção de um ambiente de negócios mais diverso e inovador. Saiba mais: https://mulheresdoimobiliario.com.br/
Elisa Rosenthal
Fundadora e diretora-presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário, Elisa Rosenthal é referência na capacitação e mentoria de profissionais que buscam ascender a posições de liderança. Com sólido histórico de desenvolvimento imobiliário em renomadas empresas do setor é reconhecida como uma das mulheres mais influentes do setor pelo Imobi Report. Acumula prêmios como o Selo Direitos Humanos e Diversidade da Cidade de São Paulo e o Conecta Imobi na categoria ESG e a Voz Feminina do Setor. É autora dos livros Proprietárias e Degrau Quebrado, e se dedica a promover ambientes inclusivos e a formação de lideranças transformadoras. Além disso, Elisa é LinkedIn Top Voices e colunista de veículos renomados como Estadão e Exame Invest, e palestrante em temas de equidade e empreendedorismo.
Tizi Weber
Fundadora do Lab Pesquisa de Consumo, Tizi é publicitária (PUCPR), especialista em marketing (UP), mestre e doutora em administração (PUCPR) com ênfase no comportamento do consumidor. É professora universitária das disciplinas de branding, inteligência de mercado, pesquisa de mercado e análise qualitativa de dados. Autora de livros das disciplinas de Branding e Pesquisa de Mercado, como pesquisadora acadêmica publicou seus estudos em journals de relevância nacional e internacional como RAE, Journal of Consumer Culture, Culture and Organization e Journal of Industries Services. Desde 2010 trabalha com pesquisa mercadológica. Nesta jornada, contribuiu para o desenvolvimento de dezenas de produtos, marcas e personas. Além disso, solidificou o Indicador Imobiliário Nacional da CBIC, pesquisa reconhecida em todo Brasil.
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