quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Atletas do Belo adoram morar em João Pessoa. Só esqueceram de jogar bola
15/06/2025 08:12
Por Marcondes Brito Divulgação

Dois meses atrás, viralizou nas redes sociais um vídeo espontâneo dos jogadores do Botafogo-PB, cantando a plenos pulmões no vestiário do Almeidão: “Ah, que coisa boa é jogar no Belo e morar em João Pessoa”.

Eles pareciam realmente felizes em estar aqui, na cidade que virou o principal destino turístico do País. Só esqueceram de combinar com a bola.

O Botafogo da Paraíba iniciou 2025 com planos ousados, sonhos grandes e uma dose cavalar de otimismo. Virou SAF, atraiu investidores, contratou dirigentes renomados e montou um elenco recheado de apostas.

A empolgação durou pouco. Dentro de campo, o projeto naufragou de forma tão rápida quanto ruidosa. O time não conseguiu sequer dominar o cenário estadual — foi vice-campeão para o Sousa, perdendo o título dentro do Almeidão, diante da sua torcida. Na Série C, o desempenho é simplesmente desastroso: apenas 33% de aproveitamento e uma incômoda 15ª colocação. O tão sonhado acesso à Série B, que era o grande objetivo da SAF em seu primeiro ano cheio de investimentos, já beira o campo da ficção.

As contratações ajudaram a piorar o quadro. Vieram dezenas de jogadores, muitas apostas duvidosas e algumas figuras que geraram expectativa, mas não renderam em campo. A aposta mais ousada — e surpreendente — foi no comando técnico: Antônio Carlos Zago, ex-treinador da Seleção da Bolívia. Uma cartada que parecia indicar profissionalismo e ambição, mas que durou pouco e terminou com demissão precoce após uma sequência de maus resultados.

A culpa é dos outros…

Fora das quatro linhas, o roteiro seguiu o mesmo padrão. O projeto foi encabeçado por Alexandre Gallo, ex-técnico de clubes como Santos e Atlético Mineiro, trazido como gestor da SAF e responsável por transformar o Belo em algo maior. Até aqui, sua maior realização foi acumular críticas da torcida, especialmente após a recente declaração em que tentou terceirizar a responsabilidade pelos fracassos ao antigo modelo de gestão do clube.

A paciência do torcedor, que sempre foi o ativo mais valioso do Botafogo — afinal, na Paraíba, incontestavelmente o Belo ainda é a maior torcida  —, chegou ao limite. O protesto após a derrota deste sábado (14) para o Caxias, em pleno Almeidão, foi pesado e teve como principal alvo justamente Gallo e a atual direção da SAF. Nem mesmo o brilho da nova iluminação de LED, inaugurada pelo governador João Azevêdo, foi capaz de iluminar o futebol do Botafogo em campo.

O contraste entre a beleza da cidade e a feiura do futebol do Belo em 2025 não poderia ser mais cruel. João Pessoa continua sendo a “queridinha” dos turistas, mas o Botafogo virou um cartão-postal ao avesso para seus torcedores: bonito por fora, problemático por dentro.

Reveja o vídeo com o elenco sorridente, entoando que é “coisa boa” jogar no Belo. Essa imagem já começa a ganhar ares de ironia involuntária. Para a torcida, neste momento, a única coisa boa seria voltar a ver o time jogar futebol de verdade.

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