Todos os holofotes da mídia e das redes sociais continuam focados em Fernanda Torres, após ela se tornar a primeira atriz brasileira a vencer o Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz de Drama. Nesta terça-feira (7), internautas resgataram um texto da artista rasgando elogios ao livro “Ainda Estou Aqui” em fevereiro de 2017. A obra, escrita por Marcelo Rubens Paiva, inspirou o filme que rendeu a premiação e retrata a vida da sua mãe, Eunice Paiva, interpretada por Fernanda no longa.
“Meu presente de Natal deste ano é o último livro de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui. Eu o li com o coração apertado, identificada com o menino paulista que se mudou com a família para o Rio, no início dos anos 60. Marcelo amava o Leblon, o mar e a amizade com os moleques das favelas do bairro; idolatrava a natureza e a liberdade daqui, até o dia em que a polícia invadiu sua casa, sequestrou seu pai e nunca mais o trouxe de volta”, escreveu.
No texto, a atriz deu destaque a momentos que entraram no filme, como a foto da família Paiva tirada após o sequestro de Rubens. “Eunice deu conta de um carma injusto, mil vezes injusto, sem deixar espaço para a autocomiseração piedosa. O clã ri na foto para a revista Manchete, pouco depois do desaparecimento do pai. O fotógrafo pede uma expressão grave dos seis, mas a mãe, como que num desafio, exibe o mesmo sorriso largo dos filhos, na varanda da casa onde foram felizes”, disse.
Torres conclui o artigo opinando sobre a importância histórica do relato. “Ainda Estou Aqui é uma retrospectiva afetiva dos últimos cinquenta anos da nossa história. Uma visão íntima do golpe de 64, do sadismo dos militares, do amadorismo da esquerda, do genocídio dos índios, da Anistia e da redemocratização, através dos olhos de uma mulher ímpar, em processo acelerado de perda de memória”, afirmou. “Taí um presentão de Natal.”
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