Por Ademilson José
Especial para ON
O proprietário do Sistema Correio de Comunicação, Roberto Cavalcanti, disse que, apesar das dificuldades enfrentadas com os custos do papel e o avanço do jornalismo online, seu impresso fez questão de resistir. E que as coisas só ficaram sem saída mesmo quando, durante a pandemia do corona vírus, as autoridades sanitárias proibiram a entrega de jornais a domicílio.
“Se já não tínhamos as bancas, com a proibição da entrega para assinantes, não tínhamos mais para onde ir”, afirmou o empresário, em rápida entrevista que concedeu recentemente quando chegava para participar de um evento na Fundação Casa de José Américo, na praia do Cabo Branco.
Ele explicou que os outros motivos, custos do papel e jornalismo online, já vinham mesmo fechando empresas e deixando muitos empresários em alerta. E que a pandemia só agravou as coisas. “Manter uma ou duas redações de jornal impresso passou a ser humanamente impossível”, disse ele.
Perguntado se a insistência era só como empresário, Roberto respondeu: “Não. Também por gostar mais do impresso. Há sempre aquele dia que, num cantinho do olho, ainda fica uma lágrima de saudade”, resume Cavalcanti, ao salientar que só se conformava com essa realidade porque via que não era uma situação somente do Correio, da Paraíba, mas de todos os demais no mundo inteiro.
Segundo nas bancas por muito tempo, mas líder absoluto nas últimas décadas de funcionamento, o Correio da Paraíba impresso morreu com 66 anos no dia 4 de abril de 2020 e foi fundado por Teotônio Neto em 5 de agosto de 1953. Contava com redações em João Pessoa e Campina Grande e suporte de uma TV na capital (afiliada da Record) e emissoras de rádio na capital e também espalhadas pelo interior.
“Nós resistimos até o último momento”, lembra Roberto Cavalcanti, ao salientar que o Sistema Correio foi o último a parar a circulação do seu impresso, entre os quatro privados do Estado. “Com a pandemia, os custos se tornaram insuportáveis. E não era só aqui não. Era no mundo inteiro. A pandemia parou a mídia impressa”.
O empresário comentou que hoje ainda tem jornais impressos circulando, mas simbolicamente. “A Folha de São Paulo, por exemplo, que também está na versão digital, está com versão impressa em quantidade mínima. Mas estamos torcendo que surjam tecnologias que permitam fazer com que a mídia impressa possa ser retomada com força total na Paraíba e no Brasil inteiro”, concluiu.