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A cronologia da crise que fechou quatro jornais na Paraíba

Nesta imagem, as capas das últimas edições dos jornais O Norte, Correio da Paraíba, Diário da Borborema e Jornal da Paraíba quando pararam de circular

Por Ademilson José

Especial para ON

Os dias 1º de fevereiro de 2012, 10 de abril de 2016 e 4 de abril de abril de 2020 talvez não lembrem nada para você, mas isso não é caso de memória fraca não. É porque são três datas que não somente você, mas quase toda Paraíba faz mesmo questão de esquecer.

É porque, pela ordem, são os dias que os quatro maiores jornais impressos do Estado (O Norte, Diário da Borborema, Jornal da Paraíba e Correio da Paraíba) circularam pela última vez. Que lançaram suas últimas edições nas ruas, isso depois de décadas informando as ocorrências do cotidiano e, a médio e longo prazo, ajudando a Paraíba contar a sua história.

No caso de O Norte, que a despedida foi conjunta com o também Associado, Diário da Borborema, não foram apenas décadas. Foram 104 anos, com fundação em 1908. Como irmão mais novo, o Diário da Borborema parou quando completava 55, isso porque havia chegado às bancas de Campina Grande no dia 2 de outubro de 1957.

Mesmo vindo de várias crises que foram marcadas inclusive por intervenções, Norte e Diário da Borborema pegaram centenas de jornalistas, gráficos e outros profissionais no contra pé, situação vivida também por centenas, milhares de leitores que, depois daquele primeiro de fevereiro de 2012, não mais tiveram mais seus exemplares nas mãos.

Quando O Norte nasceu, vejam vocês, a capital paraibana ainda se chamava Parahyba do Norte. Foi fundado pelos irmãos Oscar e Orris Soares que, à época, eram de família tradicional no comércio e na política do Estado. Consolidou-se na primeira metade do século e só evoluiu quando foi incorporado aos Diários Associados do paraibano Assis Chateaubriand em 1954.

Mudou de condômino várias vezes, destacando-se e tendo como mais duradouro o jornalista Marconi Góis. O Norte foi pioneiro na região na impressão em off-set (1973) e também na utilização de computadores na década de 1990.

Fundado pelo jornalista Assis Chateaubriand, o Diário da Borborema foi líder até meados da década de 1990 e, no cotidiano informativo, teve uma história completamente misturada com a história da cidade de Campina Grande.

A decadência dos dois impressos associados começa com o novo milênio. No início de 2001, Norte e Borborema passam a ser impressos no Recife, no parque gráfico do Diário de Pernambuco, também dos Diários Associados. Em 2008, com tiragens reduzidas, passam a ser editados também por lá, e isso em formato berliner e com conteúdo sensivelmente reduzido.

Definharam até o 1º de fevereiro de 2012 e o fechamento foi triste para um sistema que, no campo da informação, por muito tempo sempre foi sinônimo de poder. Não somente pela força dos dois diários, mas porque, além deles, o sistema também chegou a contar com duas TVs e duas rádios na capital e em Campina Grande.

Com a experiência de quem passou toda a sua carreira convivendo no ambiente de jornais na Paraíba, Pernambuco, Brasília e São Paulo, o jornalista Marcondes Brito, de O Norte Online, destaca a questão do “custo fixo” para explicar a crise dos veículos impressos em todo o mundo.

“Claro que a chegada da internet foi um golpe para a mídia impressa, e por isso todos estão aderindo ao digital”, afirma ele, ao observar que, “além disso, é preciso considerar também a questão financeira, especialmente o custo fixo e obrigatório para se colocar o produto nas bancas”.

E complementa: “o preço do papel jornal, por exemplo, que é cotado em dólar, foi o responsável pelo fim de muitos jornais, e não apenas aqui na Paraíba”.

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