- Redação ON
A candidatura de Marcel Van Hattem (Novo-RS) à presidência da Câmara dos Deputados, lançada pelo Partido Novo, pegou muitos de surpresa. Isso porque o cenário político já aponta para uma vitória praticamente certa de Hugo Mota (Republicanos-PB), que conta com amplo apoio do centrão e da base governista. A pergunta que fica é: a que serve uma candidatura como a de Van Hattem? Seria apenas um ato simbólico ou há algo mais em jogo?
É evidente que Van Hattem não tem chances reais de vencer, pois o processo de eleição da Mesa Diretora da Câmara é fortemente influenciado por negociações políticas e pela composição de blocos partidários. No entanto, seu nome na disputa pode servir a propósitos estratégicos. Uma candidatura alternativa pode ser usada para marcar posição, chamar atenção para determinadas pautas ou até mesmo para fortalecer sua imagem dentro do espectro político de direita – especialmente entre os eleitores bolsonaristas e liberais. Nesse sentido, pode-se argumentar que ele busca consolidar sua liderança dentro desse campo, mesmo sem perspectivas de vitória.
Opinião de Sérgio Queiroz
Ouvido por O Norte Online, o pastor Sérgio Queiroz – uma figura influente do Novo na Paraíba e potencial candidato ao Senado em 2026 com apoio de Bolsonaro – defendeu a candidatura de Van Hattem como uma forma de fortalecer o debate democrático. Para Queiroz, o deputado gaúcho “é um parlamentar culto e aguerrido, cujas ideias contribuem para o desenvolvimento do país”. Ele também ressaltou que, caso a eleição fosse aberta ao público, Van Hattem poderia ter uma chance real, mas reconheceu as dificuldades impostas pelo atual modelo, no qual os próprios parlamentares decidem o vencedor. Sua fala sugere que, mesmo sem chances concretas de vitória, a presença de Van Hattem na disputa pode servir para qualificar o debate sobre o papel da Câmara e suas prioridades.
Além disso, essa candidatura pode representar uma tentativa do Novo de se manter relevante no debate político nacional. O partido, que já teve maior protagonismo em outras eleições, busca reafirmar sua identidade e seu compromisso com princípios liberais. Ao lançar um nome de oposição ao centrão, mesmo que de forma simbólica, tenta se diferenciar das forças políticas tradicionais e reafirmar sua postura crítica à velha política.
No final das contas, Van Hattem não deve vencer, mas sua candidatura pode ter um impacto político dentro de seu nicho ideológico. Para ele e para o Novo, a disputa pode ser mais sobre visibilidade e consolidação de uma narrativa do que sobre uma real tentativa de conquistar a vitoria.
Em tempo: outra candidatura registrada à presidência da Câmara dos Deputados é a do Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ).
Candidatos figurantes
No Senado Federal também há o que chamam em Brasília de “candidatos figurantes”. Além do favoritíssimo Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), concorre oficialmente à presidência da Casa o Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), e ainda pode ter a participação de Soraya Thronicke (Podemos-MS), Marcos do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE).