A 39ª edição do Salão do Artesanato Paraibano, que será realizada pelo Governo da Paraíba e Sebrae a partir desta sexta-feira, dia 10, na orla marítima de João Pessoa (no estacionamento do Hotel Tambaú), vai homenagear sete artesãos que trabalham com o papel. O evento seguirá até o dia 2 de fevereiro numa megaestrutura na orla marítima de João Pessoa, no estacionamento do Hotel Tambaú. Atrações culturais e a gastronomia paraibana também terão destaques no evento.
A expectativa é que sejam superados R$ 4 milhões em negócios durante o evento e a visitação começa nesta sexta-feira às 16h para o público em geral. O governador João Azevêdo fará a abertura oficial. A 39ª edição do Salão do Artesanato Paraibano tem como tema “Qual o seu papel?”, em homenagem aos artesãos que trabalham com as técnicas em papel.
Entre as novidades desta edição, a criação do Prêmio de Excelência Artesanal proposto pelo Laboratório de Inovação e Design para o Artesanato Competitivo (Labin), que selecionará dez peças artesanais, entre todas as tipologias, com o selo de Excelência Artesanal, tendo como principais requisitos acabamento e sustentabilidade, além da megaestrutura histórica, que tem mais de 6 mil metros quadrados de área.
Os artesãos foram selecionados por meio de edital de chamamento público. A estimativa da organização do Salão do Artesanato Paraibano é que mais de 100 mil pessoas passem pelo evento, gerando um volume de negócios — entre vendas e encomendas — em torno de R$ 4 milhões.
A secretária da Setde, Rosália Lucas, afirma que as expectativas estão altas para o primeiro Salão de 2025. “Estamos iniciando o ano surfando no melhor momento da Paraíba. Acabamos de viver um réveillon recorde, com hotelaria lotada em 100% e estamos recebendo muitos turistas de todo o país e do mundo para viver essa experiência que oferece lazer, cultura, gastronomia e segurança. Esse é o resultado dos investimentos do governo João Azevêdo e com certeza irá favorecer um volume de vendas excepcional. O 37º Salão, aqui em João Pessoa, teve um volume total de vendas de R$ 3.701.544,12. A expectativa é que vamos superar este número, chegando a R$ 4 milhões”.
A primeira-dama do Estado e presidente de honra do PAP, Ana Maria Lins, falou da importância do evento para toda a Paraíba. “O Salão é a grande oportunidade de geração de renda para centenas de famílias que vivem do artesanato, e isso por si só já justifica todas as expectativas. Mas temos ainda a homenagem que será feita aos artesãos que trabalham com o papel e toda a estrutura que está sendo montada, a maior da história na realização dos Salões do Artesanato Paraibano. Não tenho dúvida de que será uma festa muito bonita, em pleno verão, com a cidade cheia de turistas e de paraibanos em férias.”
Artesanato com papel
Por meio das técnicas da papietagem e do papel machê, os artistas produzem obras de arte que encantam a alma e fazem muito bem ao meio ambiente. É que toda essa matéria-prima iria parar no lixo se não fosse utilizada na confecção das peças.
Com experiências de vida únicas, Adriano Oliveira, Babá Santana, Carlos Apolônio, Dadá Venceslau, Ednaldo Farias, Geolagens Oliveira e Socorro Souza vão se unir em torno da seguinte reflexão: “Qual o seu papel?”, o tema desta edição do Salão do Artesanato Paraibano. Conhecer um pouco a trajetória de cada um desses homenageados certamente irá ajudar na busca de cada um de nós por essa resposta.
Adriano Oliveira — Nascido em João Pessoa, Adriano Oliveira, de 42 anos, teve o primeiro contato com o artesanato na adolescência, ofício que aprendeu, como ele faz questão de ressaltar, com o mestre Babá Santana.
No pequeno atelier, localizado no Bairro de Mangabeira, na Capital, são criados pelas mãos criativas de Adriano animais, principalmente domésticos, sua grande fonte de inspiração. “Para mim, o artesanato é a oportunidade de fazer, refazer e reciclar”, revela.
Que espera do futuro? Qual o seu papel no artesanato? A essas perguntas, respostas firmes e dadas com expressivo orgulho nos olhos:
“Espero cada vez mais evoluir no artesanato, nessa arte que abracei. Já quanto o meu papel no artesanato, tenho a missão de mostrar um pouco da arte paraibana, da arte nordestina.”
Babá Santana — Manoel Iremar Santana, tão logo entrou para o artesanato, não teve dúvidas: tudo que viria a produzir a partir daquele momento teria o papel como matéria-prima, o sopro de vida de suas criações.
No atelier onde trabalha pela madrugada adentro, Babá, apelido carinhoso dado pela irmã e que se tornaria seu nome artístico, confessa: “Meu mundo é isso aqui. Eu não preciso de mais nada”, ao apontar para o espaço, repleto de personagens do mundo do circo, todos já encomendados.
O gosto pela confecção de palhaços tem um motivo nobre: levar alegria ao coração das pessoas. “O meu papel no artesanato é, através das minhas obras, mostrar que simplicidade deve ser a nossa maior fonte de felicidade”, completa Babá, nascido em Santa Luzia, Sertão paraibano.
Carlos Apollo — Carlos Antônio Apolônio da Silva tem 38 anos dedicados ao artesanato dos 58 que tem de vida. Nascido em Esperança, município do Agreste paraibano, o filho de agricultores, já falecidos, entrou em contato com o artesanato quando começou a trabalhar com adereços e cenografia para o teatro, em São Paulo.
Carlos Apollo, nome artístico que Carlos Apolônio adotou, aprendeu o fazer artesanal praticamente sozinho. “Aprendi com minha própria imaginação”, conta, sem esquecer de agradecer a tantas pessoas que lhe deram dicas preciosas.
Quando perguntado qual o seu papel no artesanato, responde sem titubear: “É ativar a imaginação com criatividade em obras de decoração e utilidades, gerando renda com consciência ecológica”.
Dadá Venceslau — Nascido em pleno domingo de Carnaval, Venceslau de Souza Justino, de 63 anos, logo ganhou um apelido carinhoso e que remete à alegria da época em que nasceu: Dadá, filho de um pai sapateiro e de uma mãe professora.
A relação com o artesanato começou ainda na infância, sendo fortalecida na adolescência, quando passou a viver das peças que produzia. “Em Patos, onde nasci, comecei a trabalhar com pedras, fazendo bonecos e palhaços, tudo que faço hoje, só que com outra tipologia, que é o papel, papelão e muito material reciclado”, conta.
Quando perguntado qual o seu papel no artesanato, a resposta vem no modo serelepe, assim como o personagem: “Eu ressignifico os materiais, minha missão é ressignificar — eu tenho certeza de que o meu papel como artesão é este: recolher o lixo e transformá-lo em arte, que eu costumo chamar de o luxo do lixo”, afirma.
O contato com o público se dá principalmente pela participação de Dadá nos Salões de Artesanato e em outras feiras País afora. Mesmo tendo múltiplas habilidades, inclusive a da interpretação — Dadá também é ator — ele define o artesanato como seu maior ofício.
O que o sertanejo de Patos espera para o futuro? “Não parar de evoluir, de melhorar como artesão e como pessoa cada vez mais.”
Ednaldo Farias —Transformar o que iria para o lixo e, assim, contribuir com um mundo melhor — esse é o papel que Ednaldo Farias Ferreira acredita ser o dele. Aos 42 anos e nascido em Alagoa Grande, no Agreste paraibano, o filho de um casal de agricultores viu no artesanato, lá nos idos de 2011, a oportunidade de mudar um pouco a sua história.
Quando perguntado sobre o que espera do futuro, Ednaldo é enfático: “Tenho procurado me qualificar e melhorar a cada dia, para que eu possa atingir o realismo de cada escultura e, dessa forma, agradar cada vez mais o público. Eu sou apaixonado pelo que faço.”
Para Ednaldo, o artesanato tem sido uma companhia inseparável, resultado de pelo menos dez anos de uma relação diária. O olhar atento no trabalho de tantos mestres foi o grande impulso que teve para o fazer artesanal.
Geo Oliveira — Nascido em São Mamede, no Sertão paraibano, Geolagens Oliveira aprendeu a olhar em sua volta o potencial que tem a cultura popular — observações que, mais tarde, virariam fonte de inspiração. Hoje, o que mais compensa é ele ver o impacto que sua obra provoca no espectador — daí o motivo por já ter presenteado tanta gente.
Do bordado, passando pela Arte Naïf, até chegar ao papel e dar vida a maracatus, folguedos e a personagens do universo sertanejo, como as moças velhas.
“Eu não sei fazer outra coisa a não ser estes personagens imaginários dos folguedos: Birico, Catirina, Mateus… E hoje eu uso o papel para dar vida a esses personagens, que para mim são universais”, revela o artesão psicólogo.
Que espera do futuro e qual o seu papel no artesanato? “Espero continuar brincando, pois utilizar o papel para dar vida a essas personagens é, antes de tudo, uma brincadeira muito divertida, no qual reafirmo minhas raízes”, externa. “Eu acredito que o meu papel no artesanato é contribuir para fortalecer a cultura popular, para me aproximar cada vez mais dessas raízes”, completa.
Socorro Souza — Nascida em João Pessoa, Socorro Souza conheceu as múltiplas possibilidades do artesanato ainda na infância — a menina muito pobre enxergou no fazer artesanal a chance real de atenuar as graves dificuldades financeiras que enfrentava.
Mas, além das dificuldades financeiras, impossível seria se ela não se apaixonasse pelo artesanato, prova disso é que não o abandonou, mesmo tendo conseguido formação superior de enfermagem pela UFPB — os conselhos da mãe e do pai comerciantes para a menina pobre apostar na educação surtiram efeito.
Quando perguntada qual o seu papel no artesanato, a enfermeira artesã é enfática: “É buscar a maior perfeição possível em cada peça que faço. Sempre me coloco no lugar do cliente e me esforço para ele voltar. E sei que, desta maneira, confeccionando minhas peças, estou também contribuindo para um mundo melhor.”
Serviço:
39° Salão do Artesanato Paraibano
Tema: Qual o seu papel?
Quando: 10 de janeiro a 2 de fevereiro de 2025
Onde: Orla marítima de João Pessoa (estacionamento do Hotel Tambaú)
Visitação: das 16h às 22h (todos os dias da semana)
Entrada: 1 kg de alimento não perecível
Da redação do ON com informações da Ascom/Sebrae e Secom-PB
Fotos: Clóvis Roberto e Secom-PB
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